Antes de descobrir a grande revolução musical e comportamental que foram os Beatles, que Bob Dylan foi o cara com um violão e um ponto de vista que deu um cérebro ao rock, e que David Bowie encarnando o glam rock no final dos anos 70 se transformou no maior camaleão do rock, eu já tinha lá minhas preferências musicais.
No final da década de noventa, em que os adolescentes, como eu, eram bombardeados com especiais da MTV de bandas do começo daquela década, como Nirvana e Guns N’ Roses, encontrei certa vez, na programação da emissora, um show de uma banda formada por adolescentes australianos em meados da década de noventa, que definitivamente chamou minha atenção. Essa banda era o Silverchair.
Quando somos adolescentes buscamos, acima de tudo, músicas com as quais a gente se identifique de alguma forma. No meu caso, quando não era a revolta o meu fator de identificação, eram os conflitos emocionais. Provavelmente, como as músicas do Silverchair eram feitas por adolescentes, elas se encaixavam tão bem dentro desses preceitos.
O Silverchair iniciou a carreira com fortes influências do grunge, com um som mais pesado em seu álbum de estréia "Frogstomp" (1995), e com seu segundo álbum, “Freak Show” (1997), já era conhecida mundialmente. Mas foi com seu terceiro álbum, “Neon Ballroom” (1999), que a banda estourou nas paradas, se tornou febre entre alguns adolescentes e ganhou certa notoriedade entre os críticos devido a algumas de suas ousadias, como uso de orquestra no álbum. E, se você tem entre vinte e trinta anos, e vive no mesmo planeta que a gente do blog, provavelmente passou por aquele período em que ninguém mais agüentava ouvir “Miss You Love” do Silverchair nas rádios, de tanto que tocou. Essa canção, que fora interpretada erroneamente como uma música de amor pela maioria dos desavisados, até chegou a figurar como trilha sonora de uma temporada de Malhação, na Rede Globo.
E eu escrevi tudo isso, até agora, simplesmente porque esses dias minha TV estava ligada na MTV, e, depois de anos incontáveis em minha mente, eu finalmente revi o clipe “Emotion Sickness” do Silverchair, primeira música do “Neon Ballroom”. Daí me bateu uma nostalgia gigante daquela época, da minha paixão por Silverchair, e de um dos álbuns que mais marcaram a minha vida. Então, peguei nas mãos meu “Neon Ballroom”, tive um momentâneo flashback de minha adolescência, e pensei: “Preciso postar algo no blog sobre esse CD!”.
Se eu fizesse minha própria lista dos 1001 discos para se ouvir antes de morrer, com certeza esse álbum estaria nela. Para todos aqueles que adoram músicas com tons autobiográficos, melancólicas e depressivas “Neon Ballroom” é uma ótima pedida.
Para os curiosos de plantão, ou para aqueles que nunca descobriram onde foi parar o Silverchair, depois desse terceiro álbum, os caras lançaram seu quarto disco em 2002, o “Diorama”, que foi odiado por muitos, encarado por outros como uma evolução da banda já prevista no álbum anterior, e que alguns outros ainda viram como a prova de que Daniel Johns (o vocal/guitarrista da banda e compositor principal) estava finalmente deixando para trás seus anos negros de anorexia, depressão e artrite aguda e encontrando finalmente a luz e o amor (Daniel Johns casou-se com a também australiana Natalie Imbruglia - aquela cantora de uma música só “Torn” - em 2003). De qualquer forma, a banda fez uma grande turnê mundial com esse disco, passando até pelo Brasil, com shows em várias capitais.
No You Tube tem um vídeo da banda tocando "Emotion Sickness" em São Paulo. É uma das melhores versões dessa música. E, EU ESTAVA LÁ! hehe
Após um grande hiato de tempo, e de projetos solos paralelos de seus integrantes, o Silverchair lançou em 2007 seu quinto álbum, “Young Modern”, que não teve grande divulgação por aqui, mas que ganhou algumas boas resenhas pela internet à fora. O álbum segue mais ou menos a linha de seu anterior, o “Diorama”, que já evidenciava o amadurecimento dos integrantes da banda e a busca por novas sonoridades. E traz como influência, entre outras bandas e artistas, ninguém menos que os Beatles. Pois é, não foi somente na adolescência que os caras do Silverchair e eu tivemos nossas semelhanças...
Silverchair: antes. E depois.
Momento fuxico:
O badalado casal australiano se divorciou no início de 2008.
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