terça-feira, 14 de abril de 2009

Tudo que é comercial não presta?




Desde o final dos anos cinquenta, e principalmente na década de 1960, alguns artistas passaram a defender uma arte moderna que se comunicasse diretamente com o público por meio de signos e símbolos retirados do imaginário que cercava a cultura de massa e a vida cotidiana. Assim, surge a Pop Art, na Inglaterra e nos Estados Unidos, incorporando em sua criação: histórias em quadrinhos, publicidade, imagens televisivas e do cinema, entre outras coisas.

Os principais nomes desse movimento na Inglaterra são Eduardo Luigi Paolozzi, Richard Smith e Peter Blake (o criador da capa do disco Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band dos Beatles!).


Já nos Estados Unidos, os nomes de maior destaque são Andy Warhol e Roy Lichtenstein, que são os representantes da arte pop mais famosos.



Vale lembrar que, em geral, esses artistas pop não tinham um estilo comum, porém se aproximavam pelas temáticas abordadas, pelo desenho simplificado, materiais usados, uso de cores saturadas e pela atenção concedida aos objetos comuns e à vida cotidiana.

A Pop Art se assemelhava muito à arte publicitária, e não era por acaso, pois partia de artistas que, apesar de terem formação erudita da arte, precisavam ganhar a vida de alguma forma, já que a época do mecenato (em que aristocratas bancavam os artistas) já tinha ficado para trás. A forma escolhida? Sua própria arte. Por isso a arte deles era cunhada com o intuito de ser vendida, é claro.

Devido à suas peculiaridades e ao seu apelo popular, a Pop Art, quando surgiu, foi ridicularizada. Muitos nem a consideravam como arte, e sim apenas um produto. Mas a verdade é que esses artistas captaram o espírito da época, em que a indústria tentava transformar o máximo de coisas possíveis em produtos vendáveis (característica que teve seu boom na década de 1950 com a divulgação do famoso American Way of Life, que tentava fazer com que as pessoas acreditassem que qualidade de vida estava diretamente associada ao consumo), e brincaram com isso. Enquanto alguns julgaram a Pop Art como superficial, outros sacaram que tudo aquilo era uma maneira divertida de criticar a sociedade (bem ao estilo dos anos 1960), ou ao menos uma forma de evidenciar como aquela sociedade funcionava.

A simbologia escolhida pela Por Art foi a que estivesse acessivel à todos, por isso a utilização de simbolos do cotidiano e da cultura popular. Existem duas formas de se passar uma idéia, ou você escolhe palavras difíceis e dessa forma direciona a idéia para poucos, ou simplifica com palavras fáceis e atinge um alvo maior. A Pop Art escolheu usar palavras fáceis. E dessa forma se tornou o primeiro movimento artístico a tentar desmistificar a idéia de que arte era para poucos.

A arte pop transformou a cultura popular em tema de arte, e fez com que a arte também passasse a integrar a cultura popular. E o legal é que lá em 1960 ela já questionava algo que nós ainda continuamos questionando até hoje: por que a arte comercial não pode ser considerada também como Arte? Será que tudo que é comercial não presta?

Não podemos considerar que no momento em que o popular ganha qualidade significa que o vulgo senso comum está se aprimorando? Vivemos em uma sociedade que se diz democrática, então, a arte de qualidade também deve ser democrática, deve estar ao alcance de todos.



Andy Warhol podia ser superficial, mas só no fundo, no fundo...



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